Sífilis:
diagnóstico, tratamento e controle
Este artigo aborda os vários aspectos referentes
a sífilis. Seu diagnóstico, tratamento e controle.
A
sífilis é doença infecciosa crônica, que desafia há séculos a humanidade.
Acomete praticamente todos os órgão e sistemas, e, apesar de ter tratamento
eficaz e de baixo custo, vem-se mantendo como problema de saúde pública até os
dias atuais.
sífilis
é causada por uma bactéria chamadaTreponema pallidum, gênero Treponema,
da família
dos
Treponemataceae, que inclui ainda dois outros gêneros: Leptospira e
Borrelia. O gênero possui quatro espécies patogênicas e pelo menos seis
não patogênicas.
Treponema
pallidumsubsp pallidum, causador da sífilis, é o mais
conhecido.
O T. pallidum não é cultivável e é patógeno exclusivo
do ser humano, apesar de, quando inoculado, causar infecções experimentais em
macacos e ratos. É destruído pelo calor e falta de umidade, não resistindo
muito tempo fora do seu ambiente (26 horas).
A penetração
do treponema é realizada por pequenas abrasões decorrentes da relação sexual.
Logo
após, o treponema atinge o sistema linfático regional e, por disseminação
hematogênica, outras partes do corpo. A resposta da defesa local resulta em
erosão e exulceração no ponto de inoculação, enquanto a disseminação sistêmica
resulta na produção de complexos imunes circulantes que podem depositar-se em
qualquer órgão.
A sífilis é
doença transmitida pela via sexual (sífilis adquirida) e verticalmente (sífilis
congênita) pela placenta da mãe para o feto. O contato com as lesões
contagiantes (cancro duro e lesões secundárias) pelos órgãos genitais é
responsável por 95% dos casos de sífilis. Outras formas de transmissão mais
raras e com menor interesse epidemiológico são por via indireta (objetos
contaminados, tatuagem) e por transfusão sanguínea.
A
lesão específica é o cancro duro ou protossifiloma, que surge no local da
inoculação em média três semanas após a infecção. É inicialmente uma pápula de
cor rósea, que evolui para um vermelho mais intenso e exulceração. Em geral o
cancro é único, indolor, praticamente sem manifestações inflamatórias
perilesionais, bordas induradas, que descem suavemente até um fundo liso e
limpo, recoberto por material seroso. Após uma ou duas semanas aparece uma
reação ganglionar regional múltipla e bilateral, não supurativa, de nódulos
duros e indolores.
Localiza-se
na região genital em 90% a 95% dos casos. No homem é mais comum no sulco
balanoprepucial, prepúcio, meato uretral ou mais raramente intra-uretral. Na
mulher é mais freqüente nos pequenos lábios, parede vaginal e colo uterino.
Assintomático,
muitas vezes não é referido. As localizações extragenitais mais comuns são a
região anal, boca, língua, região mamária e quirodáctilos. O cancro regride
espontaneamente em período que varia de quatro a cinco semanas sem deixar
cicatriz.
Após
período de latência que pode durar de seis a oito semanas, a doença entrará
novamente em atividade. O acometimento afetará a pele e os órgãos internos
correspondendo à distribuição do T. pallidum por todo o corpo.
Na
pele, as lesões (sifílides) ocorrem por surtos e de forma simétrica. Podem
apresentar-se sob a forma de máculas de cor eritematosa (roséola sifilítica)de
duração efêmera. Novos surtos ocorrem com lesões papulosas
eritêmato-acobreadas, arredondadas, de superfície plana, recobertas por
discretas escamas mais intensas na periferia (colarete de Biett).
Os
pacientes na 3ª fase desenvolvem lesões localizadas envolvendo pele e mucosas,
sistema cardiovascular e nervoso. Em geral a característica das lesões
terciária é a formação de granulomas destrutivos (gomas) e ausência quase total
de treponemas. Podem estar acometidos ainda ossos, músculos e fígado.
No
tegumento, as lesões são nódulos, tubérculos, placas nódulo-ulceradas ou
tuberocircinadas e gomas.
As
lesões são solitárias ou em pequeno número, assimétricas, endurecidas com pouca
inflamação, bordas bem marcadas, policíclicas ou formando segmentos de círculos
(Figura 8) destrutivas, tendência à cura central com extensão periférica,
formação de cicatrizes e hiperpigmentação periférica. Na língua, o acometimento
é insidioso e indolor, com espessamento e endurecimento do órgão.
A
invasão das meninges pelo treponema é precoce, de 12 a 18 meses após a
infecção, mas desaparece em 70% dos casos sem tratamento. Quando a infecção
persiste, estabele-se o quadro de neurossífilis, que pode ser assintomática ou
sintomática.
A
neurossifilis assintomática é definida como a presença de anormalidades do LCR
na ausência de sinais ou sintomas neurológicos. Poderá nunca se manifestar ou
evoluir para uma das complicações neurológicas mais tardias do período
terciário.
A
sífilis congênita é o resultado da disseminação hematogênica T. pallidum da
gestante infectada não tratada ou inadequadamente tratada para o concepto por
via transplacentária (transmissão vertical).
A
infecção do embrião pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio da
doença materna. Os principais fatores que determinam a probabilidade de
transmissão são o estágio da sífilis na mãe e a duração da exposição do feto no
útero. Portanto, a transmissão será maior nas fases iniciais da doença, quando
há mais espiroquetas na circulação.
As
interações entre a sífilis e o vírus HIV iniciamse pelo fato de que ambas as
doenças são transmitidas principalmente pela via sexual e aumentam sua
importância porque lesões genitais ulceradas aumentam o risco de contrair e
transmitir o vírus HIV.
sífilis
nos pacientes infectados pelo HIV, não apresenta comportamento oportunista, mas
possui características clínicas menos usuais e acometimento do sistema nervoso
mais freqüente e precoce.
O
diagnóstico laboratorial da sífilis e a escolha dos exames laboratoriais mais
adequados deverão considerar a fase evolutiva da doença. Na sífilis primária e
em algumas lesões da fase secundária, o diagnóstico poderá ser direto, isto é,
feito pela demonstração do treponema. A utilização da sorologia poderá ser
feita a partir da segunda ou terceira semana após o aparecimento do cancro,
quando os anticorpos começam a ser detectados.
No
tratamento da neurossífilis a droga escolhida é a penicilina cristalina pela
capacidade de atravessar a barreira hemato-encefálica. A dose recomendada varia
de 3 a 4.000.000UI, por via endovenosa, de quatro em quatro horas, no total de
18 a 24.000.000UI/dia por 10 a 14 dias.
O
desconforto gerado pela aplicação intramuscular da penicilina benzatina, acaba
por influenciar a aderência, sendo tentadas outras alternativas de tratamento.
Drogas testadas mais recentemente foram ceftriaxone e azitromicina. Todas
demonstraram atividade, mas não são superiores à penicilina, devendo ser
mantidas como drogas de segunda linha.
A sífilis é uma doença muito antiga que já acometeu as mais diferentes pessoas, independente do seu sexo, idade, condição financeira. Fez-se necessário assim que estudos fossem feitos afim de procurar esclarecimentos.Assim como a informatização constante dos profissionais que lidam com isto.
Tamara Pacheco.