Diabetes Melito: diagnóstico, classificação e avaliação do controle
glicêmico
O Diabetes
Melito consiste em um conjunto de doenças metabólicas caracterizadas por
hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção de insulina e/ou em sua ação.
A hiperglicemia se manifesta por sintomas como poliúria, polidipsia, perda de
peso, polifagia e visão turva ou por complicações agudas que podem levar a
risco de vida: a cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica
não cetótica. a hiperglicemia crônica está associada a dano, disfunção e falência
de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos.
Estudos de intervenção mostram que a obtenção do melhor controle glicêmico
possível retardou o aparecimento de complicações crônicas microvasculares,
embora não tenha tido um efeito significativo na redução de mortalidade por doença
cardiovascular.
Diabetes é
uma situação clínica frequente que acometem cerca de 7,6% da população adulta
entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. Alterações da tolerância à glicose são
observadas em 12% dos indivíduos adultos e em 7% das grávidas. Cerca de 50% dos
diabéticos desconhecem o diagnóstico.
As
alterações da tolerância à glicose estão relacionadas a um aumento do risco de
doença cardiovascular e de desenvolvimento futuro de diabetes. Estudo recente
demonstrou que é possível diminuir consideravelmente a incidência de novos
casos de diabetes por meio de medidas de intervenção como a realização de
exercício físico e redução de peso em pacientes com alterações da homeostase
glicêmica ainda não classificadas como diabetes. O diagnóstico correto e
precoce do diabetes melito e das alterações da tolerância à glicose é de suma
importância pelo fato de permitir que sejam preconizadas medidas terapêuticas
que possam evitar o surgimento de diabetes nos indivíduos com tolerância
diminuída e retardar o aparecimento das complicações crônicas nos pacientes diagnosticados
com diabetes.
O
diagnóstico do diabetes fundamenta-se nas alterações da glicose plasmática de
jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. A medida da
glico-hemoglobina não apresenta exatidão diagnóstica adequada e não deve ser
usada para o diagnóstico de diabetes. Os critérios diagnósticos baseiam-se na
glicose plasmática de jejum (8 horas), nos pontos de jejum e de 2h após
sobrecarga oral de 75g de glicose (teste oral de tolerância à glicose – TOTG) e
na medida da glicose plasmática casual. Para que o diagnóstico seja
estabelecido em adultos fora da gravidez, os valores devem ser confirmados em
um dia subsequente, por qualquer um dos critérios descritos. A confirmação
faz-se desnecessária em um paciente com sintomas característicos de
descompensação e com medida de níveis de glicose plasmática ≥ 200mg/dl. No diagnóstico
do diabetes em crianças que não apresentam um quadro típico de descompensação metabólica
com poliúria, polidipsia e emagrecimento ou de cetoacidose diabética, são
adotados os mesmos critérios diagnósticos empregados para os adultos. Quando
houver a indicação de um TOTG, utiliza-se 1,75g/kg de glicose (máximo 75g). A
Associação Americana de Diabetes (ADA) propôs que os critérios diagnósticos
fossem fundamentados principalmente na medida da glicose plasmática de jejum.
Somente a medida da glicose plasmática de jejum é considerada pela ADA o método
de escolha para o diagnóstico do diabetes e o teste oral de tolerância à
glicose não deveria ser usada rotineiramente, apenas em algumas situações
clínicas ou para fins de pesquisa. A glicose plasmática de jejum é mais
econômica, de fácil execução, favorecendo a realização em um maior número de pessoas
e apresenta um menor coeficiente de variação inter-individual do que o TOTG.
Outra recomendação da ADA foi a adição da categoria de glicose plasmática de jejum
alterada que inclui indivíduos com glicose plasmática de jejum ≥ 110 e
<126mg/dl. Esta categoria seria equivalente à tolerância à glicose
diminuída, isto é, glicose plasmática 2h após TOTG ≥ 140 e <200mg/dl.
O
rastreamento de diabetes deve ser realizado em todo indivíduo com mais de 45
anos de idade a cada 3 anos, ou mais precocemente e mais frequentemente em
pessoas assintomáticas quando apresentarem fatores de risco para o desenvolvimento
de diabetes. Os fatores de risco são: idade acima de 45 anos, obesidade
(>120% peso ideal ou índice de massa corporal ž 25kg/m2), história familiar
de diabetes em parentes de 1° grau, diabetes gestacional ou macrossomia prévia,
hipertensão arterial sistêmica, hdl-colesterol abaixo de 35mg/dl e/ou
triglicerídeos acima de 250mg/dl, alterações prévias da regulação da glicose e indivíduos
membros de populações de risco (afro-americanos, hispano-americanos e outras).
As formas
mais frequentes de diabetes são o diabetes tipo 1 e o diabetes tipo 2. No
diabetes tipo 1 ocorre destruição das células beta do pâncreas, usualmente por
processo auto-imune (forma auto-imune; tipo 1A) ou menos comumente de causa
desconhecida (forma idiopática; tipo 1B). Na forma auto-imune há um processo de
insulite e estão presentes auto-anticorpos circulantes (anticorpos
anti-descarboxilase do ácido glutâmico, anti-ilhotas e anti-insulina). De uma
forma geral, a instalação do quadro de diabetes tipo 1 auto-imune é relativamente
abrupta e muitas vezes o indivíduo pode identificar a data de início dos sintomas.
O pico de incidência do diabetes tipo 1 ocorre dos 10 aos 14 anos de idade,
havendo a seguir uma diminuição progressiva da incidência até os 35 anos, de tal
maneira que casos de diabetes tipo 1 de início após esta idade são pouco
freqüentes. No entanto, indivíduos de qualquer idade podem desenvolver diabetes
tipo 1. Em geral, os pacientes apresentam índice de massa corporal normal, mas
a presença de obesidade não exclui o diagnóstico. Nos casos de diabetes tipo 1 de
origem auto-imune, pode haver a associação com outras doenças auto-imunes, como
a tireoidite de Hashimoto, a doença de Addison e a miastenia gravis entre
outras. O diabetes tipo 2 é mais comum do que o tipo 1, totalizando cerca de
90% dos casos de diabetes. É uma entidade heterogênea, caracterizada por
distúrbios da ação e secreção da insulina, com predomínio de um ou outro
componente. De etiologia ainda não claramente estabelecida, a destruição
auto-imune do pâncreas não está envolvida. Ao contrário do diabetes tipo 1, a
maioria dos pacientes apresenta obesidade. A idade de início do diabetes tipo 2
é variável, embora seja mais frequente após os 40 anos de idade, com pico de
incidência ao redor dos 60 anos. Estudos que aliam a obesidade à idade superior
a 40 anos indicam este ponto de corte da idade como discriminatório entre os
dois tipos de diabetes. Por outro lado, outros autores associam a ausência de
episódio agudo de cetoacidose e idade superior a 20 anos como indicadores da
presença de diabetes do tipo 2. Portanto, a idade de forma isolada parece não
definir a classificação, mas se aliada a outras variáveis como obesidade e
ausência de cetoacidose podem sugerir o tipo de diabetes. Deve ser levado em
conta que, embora a ocorrência de cetoacidose seja característica do estado de
deficiência insulínica do tipo 1, o paciente tipo 2 pode apresentar este quadro
na vigência de intercorrências graves como infecções ou episódios agudos de
doença cerebrovascular. A ocorrência de agregação familiar do diabetes é mais
comum no diabetes tipo 2 do que no tipo 1. No entanto, estudos recentes
descrevem uma prevalência duas vezes maior de diabetes do tipo 1 em famílias com
tipo 2, sugerindo uma possível interação genética entre os dois tipos de
diabetes. A diferenciação entre os dois tipos mais comuns de diabetes é em
geral relativamente simples e baseia-se fundamentalmente em dados clínicos.
Obs.: Tal artigo foi de grande valia pois
trouxe informações importantes sobre o Diabetes Melitus, suas variações e como
identificar sinais e sintomas e diagnosticar o paciente portador tanto da
Diabetes tipo I quanto do tipo II.
Discente: Laísa Brenda de Holanda Cavalcanti
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