AIDS: ETIOLOGIA,
CLÍNICA, DIGNÓSTICO E TRATAMENTO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em
meados de 1981,nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de
pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco
ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis
carinii e comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se
tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente
infecciosa e transmissível. O
HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há poucas décadas; alguns trabalhos
científicos recentes sugerem que isso tenha ocorrido entre os anos 40 e
50. O vírus da imunodeficiência símia
(SIV), que infecta uma subespécie de chimpanzés africanos, é 98% similar ao
HIV-1, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum. Por esses fatos,
supõe-se que o HIV tenha origem africana.
O HIV é um
retrovírus com genoma RNA. Pertence ao
grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogênicos que necessitam, para
multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável
pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, que pode, então, integrar-se
ao genoma do hospedeiro. O HIV é bastante lábil no meio externo, sendo
inativado por uma variedade de agentes
físicos (calor) e químicos (hipoclorito de sódio, glutaraldeído). As
partículas virais livres podem sobreviver por 15 dias, à temperatura ambiente,
ou até 11 dias, a 37ºC.
As formas
de transmissão são as seguintes: sexual sanguínea (em receptores de sangue ou
hemoderivados e em usuários de drogas injetáveis, ou UDI),vertical (da mãe para
o filho, durante a gestação, parto ou por aleitamento). A transmissão
ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde sofrem ferimentos com
instrumentos pérfuro-cortante contaminados com sangue de pacientes portadores
do HIV. Estima-se que o risco médio de contrair o HIV após uma exposição
percutânea a sangue contaminado seja de aproximadamente 0,3%. Nos casos de
exposição de mucosas, esse risco é de aproximadamente 0,1%.Os fatores de risco
já identificados como favorecedores deste tipo de contaminação são: a profundidade
e extensão do ferimento a presença de sangue visível no instrumento que
produziu o ferimento, o procedimento que resultou na exposição e que envolveu a
colocação da agulha diretamente na veia
ou artéria de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente fonte da
infecção mostrar evidências de imunodeficiência avançada, ser terminal ou
apresentar carga viral elevada. O risco da transmissão do HIV por saliva foi
avaliado em vários estudos laboratoriais e epidemiológicos. Esses estudos
demonstraram que a concentração e a infectividade dos vírus da saliva de
indivíduos portadores do HIV é extremamente baixa.A prevenção e controle
incluem: uso de preservativos,uso de agulhas e seringas esterilizadas ou
descartáveis,controle do sangue e derivados,adoção de cuidados na exposição
ocupacional a material biológico e o manejo adequado das outras DSTs,prevenção
em usuários de drogas injetáveis (UDI),uso de EPIs(luvas, óculos de proteção,
máscaras, aventais, etc),utilização sistemática das normas de biossegurança,implantação
de novas tecnologias da instrumentação usadas na rotina de procedimentos
invasivos.
As
técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são
baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus. Estas técnicas apresentam excelentes
resultados e são menos dispendiosas, sendo de escolha para toda e qualquer
triagem inicial. Porém detectam a resposta do hospedeiro contra o vírus, e não
o próprio vírus diretamente. As outras três técnicas detectam diretamente o
vírus ou suas partículas. São menos utilizadas rotineiramente. Dentre os
testes, os mais frequentes são: -ELISA (testeimunoenzimático),
westernblot,imunofluorescênciaindireta,radioimunoprecipitação,pesuisa de
Antígeno p24.
Quanto aos
aspectos clínicos, a infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases
clínicas: infecção aguda, fase assintomática, também conhecida como latência
clínica, fase sintomática inicial ou precoce, e aids. A infecção aguda ocorre entre 50 e 90% dos pacientes. Seu
diagnóstico é pouco realizado devido ao baixo nível de suspeição. O tempo entre
a exposição e os sintomas é de cinco a 30 dias.Os sintomas aparecem durante o
pico da viremia e da atividade imunológica.São eles: febre, adenopatia,
faringite, mialgia, artralgia, ulcerações muco cutâneas envolvendo mucosa oral,
esôfago e genitália, hiporexia, adinamia, cefaléia, fotofobia,
hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos; os pacientes podem
apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica
e síndrome de Guillain-Barré.Achados laboratoriais inespecíficos são
transitórios, e incluem: linfopenia seguida de linfocitose, presença de
linfócitos atípicos, plaquetopenia e elevação sérica das enzimas hepáticas. Os
sintomas duram, em média, 14 dias, sendo o quadro clínico autolimitado. Na fase
assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns
pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente,
"flutuante" e indolor. Portanto, a abordagem clínica nestes
indivíduos no início de seu seguimento prende-se a uma história clínica prévia,
em situações que podem complicar ou serem agravantes em alguma fase de
desenvolvimento da doença pelo HIV. Os exames laboratoriais de rotina
recomendados são: hemograma completo,níveis bioquímicos,sorologia
para sífilis,sorologia para os vírus da hepatite,sorologia para toxoplasmose,
sorologia para citomegalovírus, radiografia de tórax,Papanicolau,perfil
imunológico e carga viral. Durante a fase sintomática, o paciente pode
apresentar os seguintes sintomas: sudorese
noturna, fadiga, emagrecimento,
diarreia, sinusopatias,candidíase oral e vaginal,leucoplasia
pilosa oral,gengivite, úlceras aftosas, herpes simples recorrente, herpes zoster trombocitopenia. Quando o
indivíduo está infectado com o vírus da AIDs, é sabido que ocorre uma
diminuição da resposta imunológica, podendo o mesmo ser acometido de diversas
doenças oportunistas. Dentre elas:
citomegalovirose, herpes simples, leucoencefalopatia multifocal progressiva,
tuberculose, pneumonias, salmonelose, candidíase, criptococose, histoplasmose,
pneumocistose, toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase, sarcoma de Kaposi,
linfomas não- Hodgkin, neoplasias intra epiteliais anal e cervical.
Existem,
até o momento, duas classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV:
Os
inibidores da transcriptase reversa: são drogas que inibem a replicação do HIV
bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa que age convertendo o RNA
viral em DNA. E os inibidores da protease: agem no último estágio da formação do
HIV, impedindo a ação da enzima protease que é fundamental para a clivagem das
cadeias protéicas produzidas pela célula infectada em proteínas virais
estruturais e enzimas que formarão cada partícula do HIV.Terapia combinada é o
tratamento anti-retroviral com associação de duas ou mais drogas da mesma
classe farmacológica (p ex. dois análogos nucleosídeos), ou de classes
diferentes (p ex. dois análogos nucleosídeos e um inibidor de protease).
Laísa Vila
Nova Asfura,
Acadêmica do curso de
Odontologia da Faculdade de Odontologia de Pernambuco FOP/UPE.
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