quinta-feira, 25 de setembro de 2014

AIDS: ETIOLOGIA, CLÍNICA, DIGNÓSTICO E TRATAMENTO
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) foi reconhecida em meados de 1981,nos EUA, a partir da identificação de um número elevado de pacientes adultos do sexo masculino, homossexuais e moradores de São Francisco ou Nova York, que apresentavam sarcoma de Kaposi, pneumonia por Pneumocystis carinii e comprometimento do sistema imune, o que levou à conclusão de que se tratava de uma nova doença, ainda não classificada, de etiologia provavelmente infecciosa e transmissível. O HIV-1 e o HIV-2 passaram a infectar o homem há poucas décadas; alguns trabalhos científicos recentes sugerem que isso tenha ocorrido entre os anos 40 e 50.  O vírus da imunodeficiência símia (SIV), que infecta uma subespécie de chimpanzés africanos, é 98% similar ao HIV-1, sugerindo que ambos evoluíram de uma origem comum. Por esses fatos, supõe-se que o HIV tenha origem africana.
O HIV é um retrovírus com genoma RNA.  Pertence ao grupo dos retrovírus citopáticos e não-oncogênicos que necessitam, para multiplicar-se, de uma enzima denominada transcriptase reversa, responsável pela transcrição do RNA viral para uma cópia DNA, que pode, então, integrar-se ao genoma do hospedeiro. O HIV é bastante lábil no meio externo, sendo inativado por uma variedade de agentes  físicos (calor) e químicos (hipoclorito de sódio, glutaraldeído). As partículas virais livres podem sobreviver por 15 dias, à temperatura ambiente, ou até 11 dias, a 37ºC.
As formas de transmissão são as seguintes: sexual sanguínea (em receptores de sangue ou hemoderivados e em usuários de drogas injetáveis, ou UDI),vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, parto ou por aleitamento). A transmissão ocupacional ocorre quando profissionais da área da saúde sofrem ferimentos com instrumentos pérfuro-cortante contaminados com sangue de pacientes portadores do HIV. Estima-se que o risco médio de contrair o HIV após uma exposição percutânea a sangue contaminado seja de aproximadamente 0,3%. Nos casos de exposição de mucosas, esse risco é de aproximadamente 0,1%.Os fatores de risco já identificados como favorecedores deste tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do ferimento a presença de sangue visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento que resultou na exposição e que envolveu a colocação da  agulha diretamente na veia ou artéria de paciente portador de HIV e, finalmente, o paciente fonte da infecção mostrar evidências de imunodeficiência avançada, ser terminal ou apresentar carga viral elevada. O risco da transmissão do HIV por saliva foi avaliado em vários estudos laboratoriais e epidemiológicos. Esses estudos demonstraram que a concentração e a infectividade dos vírus da saliva de indivíduos portadores do HIV é extremamente baixa.A prevenção e controle incluem: uso de preservativos,uso de agulhas e seringas esterilizadas ou descartáveis,controle do sangue e derivados,adoção de cuidados na exposição ocupacional a material biológico e o manejo adequado das outras DSTs,prevenção em usuários de drogas injetáveis (UDI),uso de EPIs(luvas, óculos de proteção, máscaras, aventais, etc),utilização sistemática das normas de biossegurança,implantação de novas tecnologias da instrumentação usadas na rotina de procedimentos invasivos.
As técnicas rotineiramente utilizadas para o diagnóstico da infecção pelo HIV são baseadas na detecção de anticorpos contra o vírus. Estas técnicas apresentam excelentes resultados e são menos dispendiosas, sendo de escolha para toda e qualquer triagem inicial. Porém detectam a resposta do hospedeiro contra o vírus, e não o próprio vírus diretamente. As outras três técnicas detectam diretamente o vírus ou suas partículas. São menos utilizadas rotineiramente. Dentre os testes, os mais frequentes são: -ELISA (testeimunoenzimático), westernblot,imunofluorescênciaindireta,radioimunoprecipitação,pesuisa de Antígeno p24.
Quanto aos aspectos clínicos, a infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: infecção aguda, fase assintomática, também conhecida como latência clínica, fase sintomática inicial ou precoce, e aids. A infecção aguda  ocorre entre 50 e 90% dos pacientes. Seu diagnóstico é pouco realizado devido ao baixo nível de suspeição. O tempo entre a exposição e os sintomas é de cinco a 30 dias.Os sintomas aparecem durante o pico da viremia e da atividade imunológica.São eles: febre, adenopatia, faringite, mialgia, artralgia, ulcerações muco cutâneas envolvendo mucosa oral, esôfago e genitália, hiporexia, adinamia, cefaléia, fotofobia, hepatoesplenomegalia, perda de peso, náuseas e vômitos; os pacientes podem apresentar candidíase oral, neuropatia periférica, meningoencefalite asséptica e síndrome de Guillain-Barré.Achados laboratoriais inespecíficos são transitórios, e incluem: linfopenia seguida de linfocitose, presença de linfócitos atípicos, plaquetopenia e elevação sérica das enzimas hepáticas. Os sintomas duram, em média, 14 dias, sendo o quadro clínico autolimitado. Na fase assintomática, o estado clínico básico é mínimo ou inexistente. Alguns pacientes podem apresentar uma linfoadenopatia generalizada persistente, "flutuante" e indolor. Portanto, a abordagem clínica nestes indivíduos no início de seu seguimento prende-se a uma história clínica prévia, em situações que podem complicar ou serem agravantes em alguma fase de desenvolvimento da doença pelo HIV. Os exames laboratoriais de rotina recomendados são: hemograma completo,níveis bioquímicos,sorologia para sífilis,sorologia para os vírus da hepatite,sorologia para toxoplasmose, sorologia para citomegalovírus, radiografia de tórax,Papanicolau,perfil imunológico e carga viral. Durante a fase sintomática, o paciente pode apresentar os seguintes sintomas: sudorese noturna, fadiga, emagrecimento, diarreia, sinusopatias,candidíase oral e vaginal,leucoplasia pilosa oral,gengivite, úlceras aftosas, herpes simples recorrente, herpes zoster trombocitopenia. Quando o indivíduo está infectado com o vírus da AIDs, é sabido que ocorre uma diminuição da resposta imunológica, podendo o mesmo ser acometido de diversas doenças oportunistas. Dentre elas:  citomegalovirose, herpes simples, leucoencefalopatia multifocal progressiva, tuberculose, pneumonias, salmonelose, candidíase, criptococose, histoplasmose, pneumocistose, toxoplasmose, criptosporidiose, isosporíase, sarcoma de Kaposi, linfomas não- Hodgkin, neoplasias intra epiteliais anal e cervical.
Existem, até o momento, duas classes de drogas liberadas para o tratamento anti-HIV:
Os inibidores da transcriptase reversa: são drogas que inibem a replicação do HIV bloqueando a ação da enzima transcriptase reversa que age convertendo o RNA viral em DNA. E os inibidores da protease: agem no último estágio da formação do HIV, impedindo a ação da enzima protease que é fundamental para a clivagem das cadeias protéicas produzidas pela célula infectada em proteínas virais estruturais e enzimas que formarão cada partícula do HIV.Terapia combinada é o tratamento anti-retroviral com associação de duas ou mais drogas da mesma classe farmacológica (p ex. dois análogos nucleosídeos), ou de classes diferentes (p ex. dois análogos nucleosídeos e um inibidor de protease).

Laísa Vila Nova Asfura, Acadêmica do curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Pernambuco FOP/UPE.


Nenhum comentário:

Postar um comentário