O
diabetes melito inclui um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por
hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção de insulina e/ou em sua ação.
A hiperglicemia se manifesta por sintomas como poliúria, polidipsia, perda de
peso, polifagia e visão turva ou por complicações agudas que podem levar a
risco de vida: a cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica
não cetótica.
Diabetes
é uma situação clínica freqüente, acometendo cerca de 7,6% da população adulta
entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. Alterações da tolerância à glicose são
observadas em 12% dos indivíduos adultos e em 7% das grávidas. Cerca de 50% dos
portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico.
O
diagnóstico do diabetes baseia-se fundamentalmente nas alterações da glicose
plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. A medida da
glico-hemoglobina não apresenta acurácia diagnóstica adequada e não deve ser
utilizada para o diagnóstico de diabetes.Os critérios diagnósticos baseiam-se
na glicose plasmática de jejum (8 horas), nos pontos de jejum e de 2h após
sobrecarga oral de 75g de glicose (teste oral de tolerância à glicose – TOTG) e
na medida da glicose plasmática casual.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS), definidos como glicose plasmática de jejum
≥ 140mg/dl e/ou glicose plasmática 2h após sobrecarga oral de 75g de glicose ≥
200mg/dl.
A
medida apenas da glicose plasmática de jejum é considerada pela ADA o método de
escolha para o diagnóstico do diabetes e o teste oral de tolerância à glicose
não deveria ser utilizado rotineiramente, apenas em algumas situações clínicas
ou para fins de pesquisa.
A
ADA também considera o TOTG como o teste de referência para o diagnóstico de
diabetes (16), pois é mais sensível para identificar indivíduos com diabetes e
alterações da tolerância à glicose. No entanto, a ADA recomenda que a medida da
glicose plasmática em jejum seja o método de escolha para diagnóstico de
diabetes, pois o TOTG apresenta dificuldades em sua realização, pode causar
náuseas, necessita preparação cuidadosa prévia, apresenta maior variabilidade e
não é realizado regularmente.
A
glicose, idealmente, deve ser medida em plasma livre de hemólise. Os
anticoagulantes mais comuns (heparina, EDTA, citrato, oxalato) não interferem
na dosagem. A glicose no sangue total sofre glicólise a uma velocidade
considerável (7mg/dl/h) quando conservada na temperatura ambiente (18-25°C),
portanto a amostra deve ser centrifugada imediatamente após a coleta. O plasma
deve ser separado das células o mais rápido possível e é estável por 48 horas
sob refrigeração (2-8°C). Quando este procedimento não pode ser realizado, é
recomendado que a coleta seja feita em tubos acrescidos de um inibidor da
glicólise, como o fluoreto de sódio. O sangue total fluoretado, refrigerado ou
mantido em banho de gelo, previne a glicólise por 1 hora. O
jejum recomendado é de no mínimo 8 horas, tanto para as dosagens de jejum
isoladas como para o TOTG.
No
diabetes tipo 1 ocorre destruição das células beta do pâncreas, usualmente por
processo auto-imune (forma auto-imune; tipo 1A) ou menos comumente de causa
desconhecida (forma idiopática; tipo 1B). A conseqüência da perda das células
beta é a deficiência absoluta da secreção de insulina, o que por sua vez deixa
os pacientes suscetíveis à ocorrência de cetoacidose, muitas vezes a primeira
manifestação da doença.
O
diabetes tipo 2 é mais comum do que o tipo 1, perfazendo cerca de 90% dos casos
de diabetes. É uma entidade heterogênea, caracterizada por distúrbios da ação e
secreção da insulina, com predomínio de um ou outro componente. A etiologia
específica deste tipo de diabetes ainda não está claramente estabelecida como
no diabetes tipo 1. A destruição auto-imune do pâncreas não está envolvida.
Também ao contrário do diabetes tipo 1, a maioria dos pacientes apresenta
obesidade. A idade de início do diabetes tipo 2 é variável, embora seja mais
freqüente após os 40 anos de idade, com pico de incidência ao redor dos 60
anos. Em finlandeses, 97% dos pacientes tipo 2 iniciam o diabetes após os 40
anos de idade.
O
diabetes gestacional é definido como a tolerância diminuída aos carboidratos,
de graus variados de intensidade, diagnosticado pela primeira vez durante a
gestação, podendo ou não persistir após o parto.
Na
medida em que têm sido elucidados os processos de patogênese do diabetes, tanto
em relação a marcadores genéticos como aos mecanismos de doença, tem crescido o
número de tipos distintos de diabetes, permitindo uma classificação mais
específica e definitiva.
Mário Felipe Monteiro de Sousa
Acadêmico da Faculdade de Odontologia de Pernambuco
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