sexta-feira, 26 de setembro de 2014

HEMOSTASIA E DISTÚRBIOS DA COAGULAÇÃO

A hemostasia é o processo fisiológico responsável pela manutenção do sangue em estado líquido e a integridade do envelope vascular. O mecanismo hemostático inclui três processos: hemostasia primária, coagulação (hemostasia secundária) e fibrinólise.
Em um indivíduo normal, a coagulação é iniciada dentro de 20 segundos após a lesão ocorrer ao vaso sanguíneo causando dano às células endoteliais. As plaquetas formam imediatamente um tampão plaquetário no local da lesão. Essa é a chamada hemostasia primária. A hemostasia secundária acontece quando os componentes do plasma chamadosfatores de coagulação respondem (em uma completa cascata de reações) para formar fios de fibrina, que fortalecem o tampão plaquetário. Ao contrário da crença comum, a coagulação a partir de um corte na pele não é iniciada pelo ar ou através da secagem da área, na verdade ocorre através das plaquetas que se aderem e que são ativadas pelo colágenodo endotélio do vaso sanguíneo que fica exposto, quando cortado o vaso. As plaquetas ativadas então liberam o conteúdo de seus grânulos, que contém uma grande variedade de substâncias que estimulam uma ativação ainda maior de outras plaquetas e melhoram o processo hemostásico.
Hemostasia primária é o processo inicial da coagulação desencadeado pela lesão vascular. Imediatamente, mecanismos locais produzem vasoconstrição, alteração da permeabilidade vascular com produção de edema, vasodilatação dos vasos tributários da região em que ocorreu a lesão e adesão das plaquetas. Assim, a vasoconstrição diminui o fluxo de sangue no sítio de sangramento, tornando preferencial o fluxo pelos ramos colaterais dilatados. Em condições normais, os vasos sanguíneos devem constituir um sistema tubular não trombogênico capaz de desencadear, por mecanismos locais, os processos que iniciem a coagulação e que, após a recuperação da lesão anatômica, possam remover o coágulo e restabelecer a circulação local (fibrinólise).
A hemostasia secundária possui duas vias: intrínseca (via da ativação de contato) e extrínseca (via do fator tissular). Ambas as vias tem grande importância e acabam se juntando para formação do coágulo de fibrina. Os fatores de coagulação são numerados por algarismos romanos e a adição da letra a indica que eles estão em sua forma ativada. Os fatores de coagulação são geralmente enzimas (serino proteases) com exceção dos fatores V e VIII que são glicoproteínas e do fator XIII que é uma transglutaminase. As serino proteases agem clivando outras proteínas.
Em condições normais, coagulação e fibrinólise encontram-se em equilíbrio dinâmico de tal forma que, ocorrendo simultaneamente, enquanto a primeira interrompe a perda sangüínea, a última remove a fibrina formada em excesso e o sangue volta a fluir normalmente no interior do vaso restaurado.
Clinicamente, o interrogatório dirigido é indispensável. Devem-se buscar informações sobre sangramentos anormais, tais como: epistaxe, hematomas espontâneos, sangramento gengival freqüente, extração dentária com hemorragia incoercível, hematúria e sangramentos anormais durante a menstruação. Informações sobre o uso de drogas anticoagulantes ou antiagregantes plaquetárias devem ser anotadas com destaque nos registros do paciente, assim como a dose diária, o tempo de uso e aúltima administração. No caso de o paciente possuir antecedentes cirúrgicos, o relato do comportamento da hemostasia naqueles eventos é o melhor guia para identificar os eventuais portadores de coagulopatia e, assim, evitar complicações.
O valor normal médio das plaquetas é de aproximadamente 240.000/mm, porém raramente ocorre sangramento até que a diminuição do número de plaquetas atinja 50-70.000/mm¹3
O Tempo de Sangramento segundo Duke (TS). Requer um número suficiente de plaquetas com função normal. Deve ser realizado segundo as normas de padronização. O resultado normal é menor que três minutos. Está aumentado quando a resposta vascular é alterada, na plaquetopenia e na disfunção plaquetária.
Hemofilia é a deficiência do fator VIII (hemofilia clássica) de caráter hereditário recessivo e ligado ao sexo é a mais comum das coagulopatias congênitas, com incidência variando entre 30 e 120 por milhão, dependendo da população estudada. Os problemas vividos pelo portador desta condição estão diretamente relacionados com a reduzida concentração da proteína no sangue, que prejudica a formação de trombina através de via intrínseca.


                                                                                                        Mário Felipe Monteiro de Sousa
                                                             Acadêmico da Faculdade de Odontologia de Pernambuco  

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