“Diabetes Melito: Diagnóstico,
Classificação e Avaliação do Controle Glicêmico”
Este trabalho descreve
informações, a importância do diagnóstico precoce da diabetes assim como os
melhores métodos para a avaliação do controle glicêmico.
O diabetes melito
inclui um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia, resultante
de defeitos na secreção de insulina e/ou em sua ação. A hiperglicemia se
manifesta por sintomas como poliúria, polidipsia, perda de peso, polifagia e
visão turva ou por complicações agudas que podem levar a risco de vida: a
cetoacidose diabética e a síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica. A
hiperglicemia crônica está associada a dano, disfunção e falência de vários
órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, coração e vasos sangüíneos. Estudos
de intervenção demonstraram que a obtenção do melhor controle glicêmico
possível retardou o aparecimento de complicações crônicas microvasculares,
embora não tenha tido um efeito significativo na redução de mortalidade por doença
cardiovascular.
O
diagnóstico correto e precoce do diabetes melito e das alterações da tolerância
à glicose é extremamente importante porque permite que sejam adotadas medidas
terapêuticas que podem evitar o aparecimento de diabetes nos indivíduos com
tolerância diminuída e retardar o aparecimento das complicações crônicas nos
pacientes diagnosticados com diabetes.
O
diagnóstico do diabetes baseia-se fundamentalmente nas alterações da glicose
plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. A medida da
glico-hemoglobina não apresenta acurácia diagnóstica adequada e não deve ser
utilizada para o diagnóstico de diabetes.
O
teste oral de tolerância à glicose é o método de referência, considerando-se a
presença de diabetes ou tolerância à glicose diminuída quando a glicose
plasmática de 2h após a ingestão de 75g de glicose for ≥ 200mg/dl ou ≥ 140 e
<200mg/dl, respectivamente. Quando este teste não puder ser realizado,
utiliza-se a medida da glicose plasmática em jejum, considerando-se como
diabetes ou glicose alterada em jejum quando os valores forem ≥ 126mg/dl ou ≥
110 e <126mg/dl, respectivamente.
O
rastreamento de diabetes deve ser realizado em todo indivíduo com mais de 45
anos de idade a cada 3 anos, ou mais precocemente e mais frequentemente em
indivíduos assintomáticos quando apresentarem fatores de risco para o
desenvolvimento de diabetes.
A
classificação etiológica proposta atualmente para o diabetes melito inclui 4
categorias: diabetes melito tipo 1, diabetes melito tipo 2, outros tipos específicos
de diabetes e diabetes gestacional.
No
diabetes tipo 1 ocorre destruição das células beta do pâncreas, usualmente por
processo auto-imune (forma auto-imune; tipo 1A) ou menos comumente de causa
desconhecida (forma idiopática; tipo 1B).
De
uma forma geral, a instalação do quadro de diabetes tipo 1 auto-imune é
relativamente abrupta e muitas vezes o indivíduo pode identificar a data de
início dos sintomas.
A
forma idiopática do diabetes tipo 1, o tipo 1B, é caracterizada pela ausência
tanto de insulite como dos anticorpos relacionados ao diabetes autoimune, e
existe descrição de subtipos desta forma, com instalação e evolução mais
abrupta e fulminante em alguns casos.
O
diabetes tipo 2 é mais comum do que o tipo 1, perfazendo cerca de 90% dos casos
de diabetes. É uma entidade heterogênea, caracterizada por distúrbios da ação e
secreção da insulina, com predomínio de um ou outro componente. A etiologia
específica deste tipo de diabetes ainda não está claramente estabelecida como
no diabetes tipo 1. A destruição auto-imune do pâncreas não está envolvida.
Também ao contrário do diabetes tipo 1, a maioria dos pacientes apresenta
obesidade. A idade de início do diabetes tipo 2 é variável, embora seja mais
freqüente após os 40 anos de idade, com pico de incidência ao redor dos 60
anos.
Na
medida em que têm sido elucidados os processos de patogênese do diabetes, tanto
em relação a marcadores genéticos como aos mecanismos de doença, tem crescido o
número de tipos distintos de diabetes, permitindo uma classificação mais
específica e definitiva.
Portanto,
novas categorias têm sido acrescidas à lista de tipos específicos de diabetes,
incluindo defeito genéticos da célula beta e da ação da insulina, processos de
doenças que danificam o pâncreas, diabetes relacionado a outras endocrinopatias
e os casos decorrentes do uso de medicamentos.
O
diabetes gestacional é definido como a tolerância diminuída aos carboidratos,
de graus variados de intensidade, diagnosticado pela primeira vez durante a
gestação, podendo ou não persistir após o parto.
Os
fatores de risco associados ao diabetes gestacional são semelhantes aos
descritos para o diabetes tipo 2, incluindo, ainda, idade superior a 25 anos,
ganho excessivo de peso na gravidez atual, deposição central excessiva de
gordura corporal, baixa estatura, crescimento fetal excessivo, polidrâmnio,
hipertensão ou pré-eclâmpsia na gravidez atual, antecedentes obstétricos de
morte fetal ou neonatal. O rastreamento do diabetes é realizado a partir da
primeira consulta pré-natal, utilizando-se a medida da glicose em jejum e com o
objetivo de detectar a presença de diabetes pré-existente. A partir da 20ª semana
da gravidez, realiza-se outra medida da glicose plasmática de jejum, com ponto
de corte de 85mg/dl, visando à detecção do diabetes gestacional.
Após
estabelecido o diagnóstico de diabetes, os pacientes iniciam diversas
modalidades de tratamento para corrigir a hiperglicemia, procurando atingir o
melhor controle metabólico possível, isto é, níveis de glicose em jejum
<110μg/dl ou pós-prandial <140mg/dl ou da glico-hemoglobina abaixo do
limite máximo do método empregado.
A
medida da glico-hemoglobina (GHb) é o parâmetro de escolha para o controle
glicêmico a longo prazo. A GHb reflete o grau de controle glicêmico dos 2 a 3
meses prévios. A medida da GHb deve ser realizada 2 vezes por ano em pacientes
com controle glicêmico estável e dentro dos objetivos do tratamento e mais freqüentemente
a cada 3 a 4 meses em pacientes com controle glicêmico ainda não ótimo nos
quais estão se realizando modificações do tratamento.
A
avaliação da glicemia ao longo do dia é uma estratégia importante para se obter
o melhor controle metabólico possível. Usualmente esta avaliação é realizada
através da obtenção de sangue capilar e colocação em fitas reagentes acopladas
a aparelhos que fornecem os resultados em poucos segundos. De uma maneira
geral, os aparelhos de leitura que são bastante acurados com um coeficiente de
variação abaixo de 5%. Erros comuns podem ocorrer por alteração das fitas
decorrentes de exposição ao ar ambiente por longos períodos de tempo e
armazenamento de fitas de diferentes lotes em um mesmo frasco.
A
auto-monitorização da glicose capilar está indicada para todo o paciente tratado
com insulina ou agentes anti-hiperglicemiantes orais.
O uso de fitas
reagentes que fazem uma medida semiquantitativa da glicose na urina é de fácil
realização e de baixo custo. Vários fatores, entretanto, limitam seu uso como
método para avaliação de controle glicêmico. A glicosúria só se torna positiva
quando a sua concentração sérica é superior a 180mg/dl em pacientes com função
renal normal e com valores ainda mais elevados em pacientes com nefropatia
diabética. A medida da concentração de glicose obtida através das fitas na
urina é alterada pelo volume, reflete o valor médio correspondente ao período
do intervalo de coleta e não dá uma idéia de como está a glicose no sangue no
momento da realização do teste.
A
presença de cetonúria verificada através de fitas reagentes e associada a
elevados níveis de glicose plasmática indica um grave distúrbio metabólico e
necessidade imediata de intervenção. É o principal teste para evitar o
aparecimento da cetoacidose diabética. O paciente com diabetes melito tipo 1
deve ser orientado a realizar o teste sempre que houver uma alteração
importante em seu estado de saúde, principalmente na presença de infecções,
quando os valores de glicose capilar forem consistentemente superiores a
240-300mg/dl, na gestação ou quando houver sintomas compatíveis com cetoacidose
diabética(náuseas, vômitos e dor abdominal).
Sendo a diabetes uma doença que acomete boa parte da população, faz-se necessário que estudos sejam feitos para melhorar a vida dos que já sofrem dessa enfermidade, como também informar a estudantes das areas de saúde a importância em saber lidar com esse tipo de paciente; visto que, como já foi mencionado no início, é uma doença muito comum.
Este artigo me foi muito informativo e útil.
Tamara Pacheco
Tamara Pacheco
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