Hemostasia e
os Distúrbios de Coagulação
A hemostasia consiste em uma série complexa de
fenômenos biológicos que ocorre em imediata resposta à lesão de um vaso
sanguíneo com objetivo de conter a hemorragia. O mecanismo hemostático inclui
três processos: hemostasia primária, coagulação (hemostasia secundária) e
fibrinólise. Esses processos em conjunto têm como finalidade de manter a
fluidez necessária do sangue, sem haver extravasamento pelos vasos ou obstrução
do fluxo pela presença de trombos.
A coagulação sanguínea corresponde a conversão de uma
proteína solúvel do plasma, o fibrinogênio, em um polímero insolúvel, a
fibrina, por meio de uma enzima denominada trombina. A fibrina forma uma rede
de fibras elásticas que consolida o tampão plaquetário e o transforma em tampão
hemostático. A coagulação é uma série de reações químicas entre varias
proteínas que convertem pró-enzimas (zimógenos) em enzimas (proteases). Essas pró-enzimas
e enzimas são chamadas de fatores de coagulação. A ativação destes fatores é
provavelmente começa através do endotélio ativado e finalizado na superfície
das plaquetas ativadas e tem como produto essencial a formação de trombina que
promoverá modificações na molécula de fibrinogênio liberando monômeros de
fibrina na circulação. Estes últimos vão unindo suas terminações e formando um
polímero solúvel (fibrina S) que, sob a ação do fator XIIIa (fator XIII ativado
pela trombina) e íons cálcio, produz o alicerce de fibras que mantêm estável o
agregado de plaquetas previamente formado.
O sistema de coagulação foi considerado por muito tempo
constituído apenas por fatores de coagulação e plaquetas. Atualmente,
considera-se um sistema variado, extremamente balanceado, em que participam
componentes celulares e moleculares.
O processo de coagulação sanguínea começa com a
exposição do fluxo sanguíneo a células que demonstram fator tecidual. A adesão
de plaquetas no colágeno subendotelial é mediado pelo receptor de colágeno
plaquetária específica (glicoproteína Ia/IIa) e fator de vonWillebrand, os
quais formam ligações entre plaquetas e fibras de colágeno para ativar as
plaquetas. A fase de propagação é caracterizada pela produção de complexos
tenases e protombinases que são agrupados na superfície das plaquetas ativadas.
Em condições normais, coagulação e fibrinólise
encontram-se em homeostase dinâmica de tal forma que, ocorrendo
simultaneamente, enquanto a primeira interrompe a perda sanguínea, a última
remove a fibrina formada em grande quantidade e o sangue torna a fluir
normalmente no interior do vaso restaurado.
Na avaliação clínica da hemostasia
o interrogatório dirigido é indispensável. É indicada a procura de informações
a respeito de sangramentos anormais, tais como: epistaxe, hematomas
espontâneos, sangramento gengival frequente, extração dentária com hemorragia
incoercível, hematúria e sangramentos anormais durante a menstruação.
Informações sobre o uso de drogas anticoagulantes ou antiagregantes
plaquetárias são relevantes nos registros do paciente, assim como a dose
diária, o tempo de uso e a última administração. No caso de o paciente possuir
antecedentes cirúrgicos, o relato do comportamento da hemostasia naqueles
eventos é o melhor guia para identificar os eventuais portadores de
coagulopatia e, assim, evitar complicações. Quandoa parecem evidências de
coagulação sanguínea insuficiente, a determinação da idade em que os distúrbios
começaram pode auxiliar a identificar o tipo de acometimento.
Os exames laboratoriais tradicionais usados para
avaliação da coagulação devem ser interpretados em conjunto, associados aos
eventos clínicos observados e, desta forma, poderão ajudar a estabelecer a
causa básica do sangramento anormal.
Porém, os exames tradicionais nem sempre estão disponíveis com a rapidez
necessária nas situações críticas que ocorrem habitualmente nas salas de
operação e nas UTI's. O coagulograma determina, principalmente, o perfil
quantitativo dos elementos envolvidos no processo de coagulação. A dosagem dos
fatores de coagulação e a contagem das plaquetas determinam se os diversos
componentes da hemostasia estão dentro de limites compatíveis com a coagulação
normal. Muitas vezes, porém, o resultado dos exames não coincide com o
comportamento do sangramento no campo operatório.
Os distúrbios da hemostasia
podem ser derivados de alterações
congênitas, tais como a hemofilia, hemofilia B, doença de von Willebrand ou de
alterações adquridas da hemostasia, como: politransfusão, drogas (Heparina,
Cumarínicos), doenças no fígado e CIVD (distúrbio
secundário).
Diversos pacientes têm alterações patológicas nas
quais há necessidade do uso de drogas anticoagulantes com objetivo terapêutico
ou profilático. Esses pacientes quando submetidos a procedimento cirúrgico
devem receber atenção especial da equipe para que a interrupção ou manutenção
desses medicamentos não proporcionem, respectivamente, aumento do sangramento
cirúrgico ou descompensação da doença que indicou seu uso. Dentre as principais
classes de drogas estão os cumarínicos e antiagregantes plaquetários.
Os antiplaquetários
exercem seus efeitos antitrombóticos por um ou dois mecanismos. O mecanismo
alternativo é a inibição da agregação plaquetária pelo bloqueio da ativação do
receptor da glicoproteína IIb/IIIa da plaqueta (abciximab, eptifibatida e
tirofiban). Estes agentes têm sido usados com grande freqüência, especialmente
em combinações, como AAS e clopidogrel, em pacientes de alto risco. Tais drogas
têm duas ações diferentes, consequentemente a combinação delas possui efeitos
sinérgicos potentes na função plaquetária. O efeito antiplaquetário durará por
todo período de vida das plaquetas. AAS e tienopiridinas produzem efeitos
irreversíveis na agregação plaquetária. Drogas antiinflamatórias produzem
efeitos reversíveis.
Os agentes
farmacológicos para reduzir a perda sanguínea. São eles os anti-fibrinolíticos,
outros agentes anti-fibrinolíticos, acetato de Desmopressina ou DDAVP, colas de
fibrina e quipamentos de cauterização ou coagulação e secção.
Obs.: Tal artigo foi de suma importância para esclarecer
como funciona o mecanismo da hemostasia, esclarecendo como funciona as cascatas
de coagulação e enfatizando a importância clínica que deve ser dada a
solicitação e interpretação do coagulograma para cada paciente, especialmente
em casos que o mesmo possua distúrbios de coagulação. O conhecimento de drogas
que podem alterar tais mecanismos também foi relatado, sendo esta uma
informação essencial para realização de vários procedimentos.
Discente: Laísa Brenda de Holanda Cavalcanti
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